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Porque somos feito as estações, sempre mudando...

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

"Retorno por aqui e pelos espaços amigos com saudade das interações que esse cantinho me proporciona.

Te ofereço uma cadeira ao meu lado e uma xícara de chá, ou então, se preferir, uma taça de vinho.

O importante é que se sinta a vontade aqui e esteja disposto a me ouvir um pouquinho."

                           UMA PAUSA NO CAMINHO

Na minha última postagem eu falei que havia um silêncio interno e uma necessidade de me aquietar. Não sabia quanto duraria, mas no meu íntimo acreditava que logo esse silêncio seria rompido pelo gosto que tenho em escrever. Não foi o que aconteceu.

Algumas pessoas próximas me perguntaram quando eu voltaria a escrever por aqui e sinceramente eu não fazia ideia, nem de quando e nem sobre o que.
Dentro havia um desejo de observar, sentir, viver. Silenciosa e em atenção plena.
E tanta coisa aconteceu por dentro e por fora de mim. Algumas coisas muito boas e outras nem tanto, teve risos, mas também teve muito choro. 
E o silêncio ali, me habitando.

Estava passando por uma rotina estressante, me dividindo entre muitos espaços e afazeres. Resolvendo pendências que não eram minhas, fazendo tarefas que não me pertenciam. 
Confesso que essa é uma grande habilidade que tenho, resolver coisas que não me pertencem.
Sou expert em parar o que estou fazendo para "prestar um favor" ao outro, principalmente se esse outro for alguém muito próximo ao meu coração.

Talvez seja esse o avesso do afeto, o emaranhado do sentir. Estar no lugar de doadora a maior parte do tempo (o ego nos prega peças e nos faz achar que damos conta e que o outro não consegue sozinho) com isso, também impossibilito o outro de crescer e fazer por si. 
Mas, (sempre tem um mas) é difícil perceber isso quando estamos fazendo para alguém que é próximo e a quem queremos tanto bem.

No meio disso tudo, tive a feliz oportunidade de sair de cena. Visitar outros lugares, ouvir outras línguas, abraçar outras culturas e paisagens. 
Primeiro, tive a felicidade de passar longos dias em frente ao mar, recarregando minha bateria interna com o calor do sol e a água do mar.
Depois, veio o oposto, uma semana rodeada por árvores e uma montanha gelada.

Sou uma pessoa que acredita muito na energia que permeia a natureza e que essa energia equilibra, restaura. Foi o que aconteceu comigo, em contato com o verde e rodeada pelo silêncio, consegui refletir sobre muitas coisas e analisar minha postura de doadora.
Percebi que por mais que eu ame o outro, em algumas situações eu ajudo muito mais me afastando para que ele tenha espaço suficiente para fazer por si e amadurecer.

Em alguns momentos é preciso sair de onde estamos, mudar um pouco a rota, respirar fundo para poder abrir espaço dentro de si e perceber as coisas sob uma nova ótica.
E é assim que regresso por aqui, compartilhando um pouquinho do que aconteceu nos bastidores - pausa do blog e vida real - vou retornando aos poucos, sem pressa.
Respeitando meus passos.
Caminho...




sábado, 2 de abril de 2022

ATÉ LOGO

Há um grande silêncio aqui, fruto da minha vontade de aquietar um pouco em relação ao que vem do externo para ouvir o que vem de dentro. E dentro há um sussurro que me  pede um respiro profundo, a fim de oxigenar meu interno.

Por isso - vou ali um cadinho - abrir a janela e deixar entrar o ar mais frio que a nova estação trouxe. Arejar o coração morno, ouvir o vento, observar os passarinhos se recolherem aos ninhos mais cedo e acompanhar as folhas que se desprendem das árvores.

Faço uma pausa aqui e por outros lugares. Vou ali encher meus alforges de encantos e doçuras. Depois eu volto, sem data e hora marcada.

Quando eu voltar, te faço uma visita.

Bjs e até logo!



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A VIDA EM MIM

Novembro, além de ser o mês do meu aniversário e igualmente dos meus dois filhos, foi também, o mês do nascimento da minha neta. A primogênita do meu filho mais novo. 
Momentos de alegria, comemoração e celebração à vida! 

Também em novembro, meu neto mais velho - 11 anos de idade - perde uma colega da sala de aula, vítima de um acidente de trânsito.
Por alguns dias vi meu neto andando pela casa, silencioso, triste, introspectivo. Tentando compreender o fim do ciclo de vida de alguém tão jovem.

De um lado, a vida, o início.
Do outro, a morte, a finitude de um ciclo.
Entre os dois, o caminho. Onde,  através das experiências, construímos nossa história e  memórias.
 
Fiquei pensando que durante nossa vida física encaramos a morte algumas vezes e de diversas formas.
Há um luto no fechamento de cada ciclo: no fim de um relacionamento, na mudança de trabalho, de cidade ou de País, nas perdas materiais... mas nenhum se compara ao luto concreto, quando perdemos alguém que amamos.

Há tantas pessoas que se perdem um do outro ainda em vida. Por falta de diálogo, de compreensão,  por não saber perdoar,  por não abrir mão do seu ponto de vista e tantas outras coisas, que às vezes, são tão irrelevantes.

A vida é tão bela, mas também tão curta. Sabemos o mês de um nascimento, mas nunca o mês da nossa partida.
Por isso, é preciso saber valorizar o momento, priorizar quem de fato tem importância enquanto estamos no mesmo caminho.

Eu tenho refletido muito, repensado tanta coisa. Não quero  passar pela vida apenas como quem cruza uma arena carregando marcas da batalha.
Eu não quero economizar minha alma me apegando em sentimentos pequenos. Lamentando meus cansaços, ressecando por dentro por não saber perdoar. 

Porquê um dia a vida vai dar num outro caminho, e aqueles a quem amo tanto não estarão na mesma estrada que a minha. Por isso, deixo esse sopro divino alumiar minha casa-corpo, me permito viver e conviver, consciente do tempo que não controlo.

Foto: Rose A.

Que possamos celebrar a vida com muita honra, gratidão e amor. Que viver seja sempre nosso melhor presente, lembrando que todo dia é ano novo. 

Feliz 2022 a todos!

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

DESCONSTRUINDO

"Ateie fogo em sua vida. Procure por aqueles que gostam de você em chamas." (Rumi)

Nem todos os dias sou doce, em alguns sou temperamental, maliciosa, ácida.
Sei que para muitos que me conhecem fica difícil me ver assim. Estão acostumados com a Sônia doce, educada, gentil e se surpreendem quando demonstro um lado mais agressivo.
Aliás, se surpreendem e alguns até se chateiam com isso, pois só querem conviver com meu lado boazinha, compreensivo, gentil.
Tem momentos que sinto a necessidade de descontruir a imagem homogênea que fazem ao meu respeito - mais do que nunca, estou numa fase onde quero viver minha essência - sem o peso da expectativa que o outro tem sobre mim. 
Quero ter por perto quem gosta de mim, também, pelo meu lado menos compassivo. 
Que não confunda minha delicadeza e educação com sinônimo de santidade.
Que saiba perceber que nem sempre sou água tranquila, há dias que também sou água turva, e nesses dias dá um trabalho enorme manter a serenidade das emoções.
Ter que colocar um sorriso no rosto para disfarçar a aridez que toma conta do peito.
Manter a gentileza nas palavras para disfarçar o frio da lâmina cortante que tá presa na garganta.
Fazer cara de paisagem para disfarçar o tédio de ouvir a conversa banal ao redor. 
Por isso, hoje, viro as costas e não me dou ao trabalho de dar um até logo, de ser cortês, de ser politicamente correta. Cansada de secar minhas larvas internas, deixo que escorram...

                                   


terça-feira, 12 de outubro de 2021

VOO E RAIZ

Não quero viver de remendos - colocados para diminuir ausências, vazios. Quero sim viver de inteirezas. 
De tudo que me preenche, alarga meus horizontes, expande meu coração.

Tô cansada das urgências, sempre com pressa em resolver, fazer, ir e vir.  Não, eu quero é retirar os excessos, pausar para respirar profundamente. 

Quero viver pequenos momentos de prazer sem me sentir culpada por me colocar em primeiro lugar. 
Isso não me faz uma pessoa egoísta, apenas solidifica em mim a certeza que é preciso amar o outro, mas imprescindível amar a mim mesma. Só posso dar o que me sobra, nunca o que me falta.

Eu tenho meus ciclos, minhas inconstâncias, meu próprio ritmo. Há uma revolução acontecendo aqui dentro e preciso superar minhas bordas para chegar a profundeza do meu ser. 
Quero o mergulho nas minhas águas internas e sagradas.

Em alguns momentos ser pássaro e deixar que minhas asas me levem até onde a força do voo permitir.
Em outros ser árvore e usufruir do lugar onde estou plantada. Acolher com minha sombra os que me chegam. Perfumar a vida dos amores que minha alma elegeu para partilhar essa experiência chamada vida.

Só não posso esquecer que é preciso sabedoria para experienciar a leveza do voo e a força da raiz sem me perder entre um e outro.
Sigo aprendendo...

     Foto 1: arquivo pessoal
 Foto 2: Bea Canella

   

quarta-feira, 2 de junho de 2021

SILENCIAR

"Eu sei que você está cansado.  Mas vem, esse é o caminho." (Rumi)


                           (Foto: Roze A.)                                               

Ultimamente tenho me sentido cansada, desejosa de silêncio. Aquele silêncio que me permite reconectar com meu eu, e quando falo em silêncio não me refiro apenas ao externo, mas o silêncio que me permite olhar pra dentro. 

Tenho tentado dar conta de inúmeras coisas e de vez em quando me vem a sensação de que são bem mais do que sou capaz de gerenciar. 
Na verdade tenho tentado cuidar mais do outro do que de mim, na loucura de achar que por muito amar, consigo privar o outro da frustração, da decepção.

Sempre falo que não devemos carregar a mala alheia, que cabe ao outro aprender lidar com as dificuldades do caminho, que eu posso sim ajudar, mas não entrar na tempestade alheia. Só que quando esse outro é alguém muito próximo, fica difícil não me envolver.
Ainda que eu tenha total consciência de que aquele fardo não é meu teimo em sair arrastando a mala ladeira acima.

Com isso, os ombros pesam, a insônia chega e a mente e o emocional vão dando sinais de cansaço.
Percebo que é o momento de me recolher, de aceitar que eu não tenho que ser forte o tempo todo, eu não tenho que estar sempre pronta a consolar o outro, a fazer pelo outro, a me doar tanto. Eu preciso também olhar e fazer por mim.

Tiro a armadura, respiro fundo, reconheço que sou corpo que sangra e que tudo bem não dar conta de tudo.
É hora de me esvaziar, de soltar o ar e me dar um refresco interno, uma pausa, um acalento.
Me banhar com ervas colhidas no quintal, me energizar. 
Respeitar o tempo, e meu tempo é aqui dentro de mim. 
Desacelero, solto a mão do controle e deixo fluir...


terça-feira, 27 de abril de 2021

DO OUTRO LADO

 Do outro lado

Há um rasgo no peito

Uma fissura do tempo no dia

Um abismo no fim do caminho


Há o medo da vida 

Um segredo guardado

Uma verdade calada

Uma mentira vivida


Há alguém que sangra

Ser fragmentado 

Dor, medo, solidão

Morte!


Do outro lado 

Há um remendo no peito

A cura do tempo onde antes era o vazio

Um mar no fim do caminho


Há a coragem em dar um mergulho

A alegria pela vida

Um amor compartilhado

Uma verdade vivida


Há alguém que sonha

Ser integral

Cura, amor, perdão

Renascimento!


Dentro há um caminho

Ser cíclico, espiralado

Aprendizado, metamorfose

Vida - morte - vida!


                                      (Foto de Angela A.)